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Arquitetos: FGMF
- Área: 485 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Israel Gollino e Fran Parente
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa Subtração está localizada no condomínio residencial de alto padrão Quinta da Baroneza, em Bragança Paulista, a apenas 90 quilômetros da cidade de São Paulo. A residência, projetada para um casal e seu filho adolescente, foi estrategicamente implantada em um lote quadrado, aproveitando a topografia com leve aclive e oferecendo uma vista generosa. A preocupação dos arquitetos da FGMF em preservar o visual levou à decisão de escavar o terreno na faixa central, criando assim um subsolo com pátio iluminado, garagem e jardim no nível da rua, elevando-se em contrapartida a casa em relação ao solo.
Os arquitetos decidiram, ao abordar este projeto, desafiar a lógica reinante em seu trabalho, derivado da escola paulista de onde se originam, a concepção estrutural como criadora do espaço. Para tanto, optaram por uma estratégia incomum aos trabalhos da FGMF: partiram da concepção teórica de dois planos em concreto aparente, elevados, ocupando toda a porção do terreno possível, respeitando recuos e demais legislações aplicáveis ao local. Com essas dimensões, estudaram diversos organogramas de ocupação da casa, com as áreas sociais, íntimas, de lazer e serviços, até encontrar a organização que parecia mais adequada.
A partir dessa “ocupação” entre planos, estudaram diversos recortes no plano superior e inferior, criando passarelas, vazios por onde jardins do subsolo atravessam a construção, e rasgos de luz, mas sempre preservando os limites dos planos originais – daí o nome subtração que batiza a residência, pois foi um trabalho de supressão, de recortes dos planos. Após esta concepção espacial e estética que a estrutura foi lançada, de forma não regular, criando uma sustentação não cartesiana, embora eficiente. Com essa organização fina grande parte dos ambientes se integra a terraços externos, proporcionando uma conexão íntima com a natureza ao redor. Os quartos e banheiros, por sua vez, são como pequenas caixas brancas encaixadas entre as lajes, oferecendo um contraste marcante.
A horizontalidade acentuada do projeto é habilmente equilibrada por vazios estrategicamente posicionados nos planos horizontais, desenhados de forma desencontrada e associados às escadas. Esses vazios não apenas proporcionam múltiplas vistas, mas também incentivam o contato visual entre as pessoas da casa, seja na sala, na piscina ou no jardim da garagem, onde a vegetação local cresce e ocupa parte dos vazios. O escritório destaca que o desafio era fazer um programa convencional assumir uma aparência longe do comum, e o resultado é uma casa sintética, com uma área interna compacta em relação à expansiva área externa.
Construída com concreto armado moldado in loco, a residência apresenta acabamentos de concreto polido no piso e alvenaria pintada de branco, conferindo-lhe uma estética modernista e minimalista ao mesmo tempo. A piscina, estrategicamente posicionada na primeira laje, é o único elemento que rompe com a rigidez das bordas dos planos organizadores do partido, e reflete a luz de forma suave, como uma quebra predominância do concreto aparente, adicionando um toque de serenidade ao ambiente. O paisagismo, considerado pelos arquitetos como um elemento essencial da arquitetura, está integrado desde o início, complementando e estruturando os espaços internos e externos.